Afirmações, ocasiões e paradoxos.

Éramos amigos. Nem tão íntimos assim, mas tínhamos um relacionamento fraternal. Meu pai sempre disse que amizade é um sentimento muito complicado e que os verdadeiros amigos são os pais. A frase poderia ser mais verdadeira possível, porém a maioria das pessoas que conheço, e que, algum dia conjeturou realizar a pergunta obteve uma resposta negativa.

Pois bem! Esporadicamente encontrávamo-nos e o papo nunca passava de oi, tudo bem, até mais. Na escola era mais um companhia para conversar sobre assuntos masculinos: carros, mulheres, final de semana com baladas, provas. Esse tempo passou e bem rápido. Até parece estranho quatro anos desta forma, porém, desconheço que além dos amigos íntimos, outras pessoas tenham um diálogo maior.

A verdade é que essa pequenina história daria pano pra manga de um roteiro dos filmes americanos infantis. Bom mesmo era a juventude, quando os problemas eram resolvidos em situações amigáveis. Contudo, desconheço essa sociedade. Desde a Babilônia até a civilização que os EUA pregam.

Não pretendo fazer um tratado sociológico sobre as situações de causa e efeito. Posso cair num precipício sem tamanho. Lembro de Foucault, em A Micro Física do Poder, onde ele analisa as relações, as nossas relações que construímos em anos e em alguns segundos podemos acabá-las.

“Nesta selva a gente se acostuma por muito pouco, a gente fica achando que é normal”. A música No Meio de Tudo Você, de Engenheiros do Hawaii, pode descrever a situação. Foi um dia nebuloso. Problemas familiares indecifráveis, imprevistos. Uma pessoa no hospital, o computador que não aceitava o que eu queria, logo depois a falta de energia, a casa bagunçada, e por fim, a visita de amigos.

Em meio ao turbilhão de coisas precisava fazer aquele texto polêmico. Ele poderia resultar em uma bomba de infinitos problemas, ou mesmo causar estrago nenhum.

Fiz. No dia da publicação, a pessoa revoltada na porta da minha casa. Questionando valores que qualquer cidadão sério e comprometido com os princípios para tornar a sociedade um lugar melhor para se viver, causaria estranheza. Logo depois o telefonema para acalmar a situação e os problemas. Nada adiantou. Se o primeiro homem a pisar na lua afirmou que a terra é azul, acho que hoje ela poderia ser cinza.

Hugo Oliveira.
Estudante de Jornalismo, estagiário e colaborador dos jornais Primeira Edição e O Jornal.

Comentários

Ranieri Brandão disse…
Rapaz,
eu gosto da sua precisão. Essa história, eu soube de uma forma bem exterior, mesmo vc me contando oq sentiu e tal. Agora, lendo, entendo q foi um daqueles dias em q a Terra e o céu mudam de cor, e as horas teimam em ser eternas e mentirosas. Como sempre, tá de parabéns pelo texto, pow! Sensacional mesmo!