"Onde está o movimento estudantil palmarino?"

É o que questiona nosso conterrâneo, o blogueiro Josivaldo Ramos em um texto de sua autoria na citada ferramenta eletrônica. A resposta ele mesmo dá: "deitado em berço esplêndido". Quão bonita é a poesia! E tão disforme da realidade, afinal o berço não é tão esplêndido assim...

No texto Josivaldo questiona a inércia da referida classe, que depois de tantas idas e vindas, passeatas, reuniões, enganações, rádio, tv e internet, nada de concreto foi-se resolvido. O blog traz ainda a lembrança aos estudantes que o prazo para que os vereadores parem com a ajuda no combustível está acabando - um pouco mais de 1 mês nos resta.

Eu já havia comentado pessoalmente e através do blog Acorda União, de Sérgio Rogério, que o movimento tinha se esfarelado depois do Ato Estudantil do dia 19 de março. As ações a serem seguidas estavam explícita, afinal somo estudantes e não arruaceiros sem cérebro: chamamos atenção da sociedade, do poder Legislativo, do Executivo e do Judiciário. Faltava "apenas" um esforço maior para empreender uma Associação forte, representativa e enfim ter voz em meio aos chacais da política.

A antiga diretoria - eu estou incluso - foi inerte após as reuniões que definiram a ajuda de custo por parte individual dos vereadores. A culpa dessa inércia não é exclusivamente de A ou de B, mas de toda a diretoria que se comprometeu. Existe um ditado popular que diz: "Uma maçã podre estraga toda a caixa". Esse ditado é certeiro. A falta de vontade de agir de alguns terminou por viciar a maioria. Em meio às turbulências não fomos capazes de agregar os estudantes sem noção de democracia, de igualdade, de justiça. O que foi feito merece reconhecimento, é logico que não deve ser esquecido, mas isso não quer dizer que devemos nos regozijar e esquecer de nos cobrar mais, afinal somo capazes de muito mais.

Cada dia que se passava após o dia 19 de março, distanciávamos ainda mais um dos outros. Alguns presos a suas tarefas rotineiras, alguns presos a ideologias baratas e sem sustentação prática, outros ainda presos ao egoísmo buscando a saída alugando carros independentes e dando de ombros para o problema em si, como se não fossem afetá-los no futuro.

E cada ato isolado partiu o todo que nem estava formado ainda. O que restou da antiga diretoria sentiu-se obrigado a fazer novas eleições não apenas para dar ânimo novo a um corpo morto, mas para tirar de seus ombros o peso que estava prestes a cair. Quem tomou a frente não se preocupou com a qualidade das eleições. Não tiveram humildade para um contato cara a cara, prefiriram colar avisos nos ônibus como se os estudantes fossem adeptos dos murais. Descartaram os outros 2 cadastros efetuados em anos passados. Um total desrespeito a quem já era sócio.

Mesmo assim ainda se conseguiram pouco mais de 150 sócios. Um grande passo. Imagine só se tudo fosse feito com bom senso! Quantos estudantes não se associariam?! O Movimento Estudantil está dormindo novamente. Está Esperando que alguem com vontade de mudar as coisas tome a frente, ajudado por uma equipe não menos interessada que possa contaminar os outros estudantes com a vontade de se ter dignidade, de ser respeitado como cidadão. "Porque você não deixa de `reclamar' e vai fazer alguma coisa?" Dirão alguns. Eu não tomo mais a frente porque meu tempo de estudante chegou ao fim, infelizmente. Mas nem por isso deixarei de ajudar, como puder.

Quando este semestre chegar ao fim, a agonia começará denovo. Idas a câmara, a prefeitura, ao fórum... Acusações e mentiras serão novamente atiradas de um lado para o outro. E os estudantes estarão desorganizados novamente, como um rebanho em meio a uma matilha de lobos, crentes de seus destinos, esperando para serem devorados.

Os passos que devem ser tomados são difíceis e demorados. São antes de tudo, passos burocratas. E acho que por isso acaba frustando aqueles que querem reultados imediatos. Estamos pagando por erros de muitos e muitos estudantes do passado. Não há como vencer rapidamente. Serão anos de batalha e isso se começarmos a agir agora, mas nem por isso deve-se desanimar, afinal com uma Associação sólida a luta vai passar de mão em mão, e será dada continuidade até que um dia possamos garantir o direito ao acesso de ensino em todos os níveis que a Constituição nos garante. Depende das nossas próprias pernas; resta saber se teremos os combustíveis necessários: coragem e inteligência.
Walter Jr.

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