Curral da Morte
Autor: Jorge Oliveira
2010
Editora: Record
"Bandido? Sou sim. Mas você é muito mais do
que eu porque paga para mandar matar!" - Zé Crispim
A historiografia brasileira tende a renegar fatos não gloriosos, são poucos os livros didáticos que contam fatos históricos de maneira não fantasiosa ou deturpada do que cogita-se o mais próximo da realidade. Mas alguns fatos sequer são contados, apesar da importância que tem na construção da sociedade ao qual estão inseridos. Assim, são fadados ao esquecimento com o decorrer do tempo e consequente desconhecimento pelas gerações posteriores.
Curral da Morte resgata um emblemático e importante fato da história do Estado de Alagoas, o tiroteio ocorrido na Assembleia Legislativa de Alagoas no dia 13 de setembro de 1957, durante sessão que votaria o impeachment do Governador Muniz Falcão (Governador de Alagoas no período de 1956-1961), tal embate dizimou famílias e deixou um rastro de sangue, principalmente na cidade sertaneja de Palmeira dos Índios/AL.
As causas do fato, os desdobramentos, as tramas, a vingança, as artimanhas dos pistoleiros, a fama destes, são contadas em ritmo de filme, que envolvem o leitor em cada troca de tiros até o fechar do caixão.
A história remete no decorrer dos acontecimentos a vida de personagens da história política alagoana, tais como Arnon de Mello, Silvestre Péricles de Góes Monteiro, Muniz Falcão, Teotônio Vilela, Geraldo Sampaio; entre outras figuras como Zé Crispim, Zé Gago, Tenório Cavalcanti - conhecido como O Homem da Capa Preta; assim como o funcionamento do Sindicato do Crime, organização do crime organizado alagoano composta por poderosos coronéis, latifundiários e políticos, que durante anos comandou fraudes a eleições e homicídios em todo o estado.
Entender a origem dos estigmas nem sempre é fácil, essa é a proposta de Curral da Morte do autor alagoano Jorge Oliveira, ele que já ganhou dois prêmios Esso de Jornalismo; é diretor do filme "Perdão Mister Fiel", vencedor do prêmio de melhor filme de Brasília no 42º Festival de Cinema de Brasília do Cinema Brasileiro; também é colunista do semanário Extra Alagoas, conseguiu registrar seu nome na historiografia alagoana, com uma obra de valor inestimável não só para os caetés.
Bruno Monteiro
@bcmonteiro
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