Já tem algum tempo que os quadrinhos estão sendo a salvação de parte da produção cinematográfica americana, mas enganam-se os amantes de Hqs quando pensam que a 7ª arte vai materializar os universos e suas sagas de maneira sempre satisfatória. O cinema requer licenças poéticas em face de sua arte irmã.
A expectativa é alta quando se fala em adaptações de quadrinhos por decorrência do estrondoso sucesso de produções como a finada recente franquia do Homem-Aranha sob o comando do diretor Sam Raimi, a trilogia X-Men e os competentes Homem de Ferro e Homem de Ferro 2 do diretor Jon Favreau, todos com a marca da Marvel Comics. Do lado da DC Comics temos somente como exemplo recente a bem recebida aposta de Batman Begins e Batman The Dark Knight de Christopher Nolan, aguardando-se com grandes esperanças Batman The Dark Knight Rises.
E o que Lanterna Verde tem com isso? Tudo. Esperava-se que a mesma pegada que o personagem possui em suas histórias nos quadrinhos e em vez disso imaginaram em criar um novo ícone para uma nova franquia, o que se traduz em dinheiro. Se o objetivo foi esse, então tudo okay, o filme lucrou e continuará lucrando, mas só até ser esquecido.
Em Lanterna Verde (Green Lantern, 2011, Warner Bros.), direção de Martin Campbell, somos apresentados a Hal Jordan, um piloto de aeronaves de guerra, que é escolhido pelo anel de um alienígena chamado Abir Sur para tomar seu lugar como guardião do universo. O piloto transmorma-se, sem querer, em um Lanterna Verde, protetor de um setor do universo, do qual o planeta Terra faz parte. A partir dai Hal tem que lidar com sua nova responsabilidade e conseguir superar suas limitações psicológicas em prol do bem estar da galáxia.
A premissa do filme é boa, a mitologia do "Lanterna Verde" é melhor ainda, contudo, faltou força de vontade para imprimir isso na produção do diretor Martin Campbell, conhecido por dirigir filmes do James Bond. Esse Lanterna Verde do cinema é infantil e chato. Dá explicações onde deveria simplesmente mostrar e nos fazer perceber o problema e as soluções. Arranja desfechos simplórios para momentos cruciais da trama, o que deixa a impressão de estarmos assistindo uma produção feita às pressas. É um filme didático, mas sem a mínima necessidade, o público não é burro.
Vale esclarecer que não falo como fã radical de histórias em quadrinhos, apesar de ter bastante curiosidade e até já ter enveredado por algumas edições do herói em questão. O relato aqui é praticamente parecido com quase todos os escritos até agora, e não poderia ser diferente, sob pena de estar louco. Lanterna Verde desapontou tanto os fãs dos quadrinhos quanto os fãs do cinema por se tratar de um personagem extremamente promissor, em que pese não ser conhecido por grande parte do público. Imaginemos agora sua reputação depois dessa apresentação desastrada.
De qualquer forma, nem todos os minutos da película são de jogar no lixo. Há sim bons momentos, como a introdução que resume a mitologia dos Lanternas Verdes e algumas cenas fora da Terra. Entretanto, o que há mais são momentos que poderiam ser bons e acabaram boicotados, infelizmente.
Comentários