LIVROS:

No dia 25 de agosto do corrente ano completou-se 108 anos da morte do filósofo Friedrich Wilhelm Nietzsche. Nietzsche, filho de pais protestantes, nascido em 1844, evitava ler outros autores quando se dispunha a escrever. Esse exemplo de atitude demonstra em menor escala a capacidade de inovação do filósofo num tempo em que cada vez mais buscava-se, independente da vertente científica, um aval de pensadores do passado.
Nietzsche pensava ao contrário: durante seus estudos na Universidade de Leipzig na antiga Prússia (atual Alemanha) conhece as ideias de Schopenhauer (O Mundo como Vontade e Representação, 1818) despertando sua verve filosófica e o fazendo afastar-se de vez da teologia herdada do pai, um pastor evangélico. Aos 25 anos é nomeado professor de Filologia ( ciência que estuda uma língua, literatura, cultura ou civilização sob uma visão histórica, a partir de documentos escritos) na universidade de Basiléia. Adota então a nacionalidade suíça. Desenvolve durante dez anos a sua acuidade filosófica no contato com o pensamento grego antigo - com predileção para os Pré-socráticos, em especial para Heráclito e Empédocles.
Em 1879 seu estado de saúde obriga-o a deixar o posto de professor. Sua voz, inaudível, afasta os alunos. Começa então uma vida errante em busca de um clima favorável tanto para sua saúde como para seu pensamento (Veneza, Gênova, Turim, Nice, Sils-Maria...) : "Não somos como aqueles que chegam a formar pensamentos senão no meio dos livros - o nosso hábito é pensar ao ar livre, andando, saltando, escalando, dançando (...)." Em 1882, ele encontra Paul Rée e Lou Andreas-Salomé, a quem pede em casamento. Ela recusa, após ter-lhe feito esperar sentimentos recíprocos. No mesmo ano, começa a escrever o Assim Falou Zaratustra, quando de uma estada em Nice. Nietzsche não cessa de escrever com um ritmo crescente. Este período termina brutalmente em 3 de Janeiro de 1889 com uma "crise de loucura" que, durando até à sua morte, coloca-o sob a tutela da sua mãe e sua irmã.
No início desta loucura, Nietzsche encarna alternativamente as figuras míticas de Dionísio e Cristo, expressa em bizarras cartas, afundando depois em um silêncio quase completo até a sua morte. Estudos recentes se inclinam antes para um cancro (câncer) do cérebro, que eventualmente pode ter origem sifilítica. Sua irmã falseou seus escritos após a sua morte para apoiar uma causa antissemita. Falácia, tendo em vista a repulsa de Nietzsche ao antissemitismo em seus escritos. Entretanto, sua irmã morre confortavelmente sob a tutela nazista. Durante toda sua vida sempre tentou explicar o insucesso de sua literatura, chegando a conclusão de que nascera póstumo, para os leitores do porvir. Muitos estudiosos da época tentaram localizar os momentos que Nietzsche escrevia sob crises nervosas ou sob efeito de drogas (Nietzsche estudou biologia e tentava descobrir sua própria maneira de minimizar os efeitos da sua doença). Crítico da cultura ocidental e suas religiões e, consequentemente, da moral judaico-cristã. Associado equivocadamente, ainda hoje, por alguns ao niilismo e ao nazismo - uma visão que grandes leitores e estudiosos de Nietzsche, como Foucault, Deleuze ou Klossowski procuraram desfazer - juntamente com Marx e Freud - Nietzsche é um dos autores mais controversos na história da filosofia moderna. Nietzsche quis ser o grande “desmascarador” de todos os preconceitos e ilusões do gênero humano, aquele que ousa olhar, sem temor, aquilo que se esconde por trás de valores universalmente aceitos, por trás das grandes e pequenas verdades melhor assentadas, por trás dos ideais que serviram de base para a civilização e nortearam o rumo dos acontecimentos históricos. E assim a moral tradicional, e principalmente esboçada por Kant, a religião e a política não são para ele nada mais que máscaras que escondem uma realidade inquietante e ameaçadora, cuja visão é difícil de suportar. A moral, seja ela kantiana ou hegeliana, e até a catharsis aristotélica são caminhos mais fáceis de serem trilhados para se subtrair à plena visão autêntica da vida. Nos dias de hoje, Nietzsche é possivelmente um dos pensadores que mais causa efeitos nos escritores que se debruçam sobre os aspectos morais e anticristãos contemporâneos, doravante através da obra de outros autores como os pensadores franceses Jacques Derrida, Guiles Deleuze, Michel Foucault, entre tantos outros. Inúmeras palestras e cursos são ministrados diariamente com o intuito de debulhar suas idéias. Existem hoje mestres e doutores na filosofia de Nietzsche. Há muito mais estudo sobre ele do que sobre qualquer outro filósofo antigo ou moderno. Por isso é fácil afirmar, que depois de Sócrates, Nietzsche foi o maior filósofo que a humanidade produziu. Por toda sua contribuição para que enxerguemos o mundo sem representações desnecessárias, fazemos essa homenagem, ao super-homem - Übbermensch, ao pé da letra "sobre-humano"- termo cunhado pelo próprio para definir aqueles homens de espíritos-livres, pensadores, que duvidam até da própria dúvida. Não se deixem abater pela densa leitura; depois que se absorve o que tem a nos dizer, tudo fica claro, como a água. Clique aqui, baixe e conheça as ideias de Nietzsche no nosso HD Moderno. Obras Postadas: -A Origem da Tragédia
E de quebra também postado, Quando Nietzsche Chorou, de Irwin D. Yalom: Romance que conta a história do pai da psicanálise Sigmund Freud e seu mentor o médico Joseph Breuer que se vêem envolvidos com um paciente, no mínimo intrigante: Friedrich Nietzsche. Imperdível.

Walter Jr. Redator Chefe

Comentários

Claudemir disse…
Walter, desculpe a demora. Vou apenas colocar uns ultimos pontos no ultimo post que tivemos para depois reorganizarmos a idéia a respeito de alguns pensamentos de Nietzsche.

Quanto aos comentários seus sobre a super, não tenho nada a acrescentar do que já tenho dito antes. Nunca a uso como citação e não dou créditos as suas reportagens (tenho vários motivos a isso) e sinceramente ela não é aceita no meio acadêmico.


Quando eu te sugeri perguntares aos historiadores é que sobre esta matéria eles são as autoridades. Não são os químicos, ou físicos, apenas quis salientar isso.

Quando dizes: "Sou dica deveria ter incluido os jornalistas científicos que são amplamente mais capazes de julgar o q eh uma revista científica e naum um grupo isolado."

Discordo.

Um jornalista científico nunca é tão qualificado para analisar uma texto como alguem da área.

Por fim, quando dizes que: "Todo historiador é um pesquisador, mas nem todo pesquisador é um historiador." vejo que partimos de definições diferentes. Considero historiador qualquer um seja versado em Historia. (Graduado, Mestre ou Doutor em História). Considero pesquisador àqueles que publicam na área.

Finalizado a explanação acima. Vamos ao que interessa.

Tenho alguns temas a sugerir.
1) Nietzche e o Cristianismo.

i)Sua concepção do Cristianismo (observe que ele conheçeu um cristianismo protestante cheio de prescrições sobre o que pode ou não pode).
ii) O desenvolvimento da sua religiosidade. Fragmentos que podemos encontrar no seus primeiros livros.
iii) O Anticristo, a Vontade do Poder até a morte de Deus.

2) Nietzche e o sentimento de Culpa.

i) Análise do temperamento Nietzcheziano
ii)Os atos morais.
iii) O Super-homem.

Finalmente podemos fazer um link da conversa anterior com esta.

Como podemos analisar as pessoas em virtude da fé e razão para aquisição da Verdade
Há apenas quatro possibilidades.
1) Apenas fé e negação da razão - fideistas.
2) Negam a fé e aceita apenas a razão - modernistas. (Descarte)
3) Negam a fé e a razão - pós modernistas. (Nietzsche)
4) Aceita a fé e a razão para aquisição da Verdade - Catolicismo - Fides et ratio. (João Paulo II)

Aqui faço referência ao artigo de Richard Bastien disponível em: http://www.mercatornet.com/articles/view/inevitable_choices/

Minha preferência é por este último. Assim poderemos esclarecer melhos os debates anteriores. Mas podemos começar por outros como queiras ou até mesmo se quiseres sugerir outro tema.

Espero que esta conversa seja edificante, pois tenho muita pretensão de aprender.

Atenciosamente,
Claudemir Leandro.
Walter Jr. disse…
Irais aprender mesmo Claudemir, mas antes de mais nada, deixemos a prolixidade de lado e nós atemos a uma parte por vez:

"Tenho alguns temas a sugerir.
1) Nietzche e o Cristianismo.

i)Sua concepção do Cristianismo (observe que ele conheçeu um cristianismo protestante cheio de prescrições sobre o que pode ou não pode).
ii) O desenvolvimento da sua religiosidade. Fragmentos que podemos encontrar no seus primeiros livros.
iii) O Anticristo, a Vontade do Poder até a morte de Deus. "

Não entedi como vc quer que proceda esse dabate, pois estás agindo como professor dando topicos de uma aula e não deixando argumentos...

Se vc já conhece esses assuntos deveria ter dado uma sentença para que começássemos e não dado dicas de leitura... Estou no aguardo.