FILME: Gomorra

Gomorra, Itália, 2008.

Gomorra. Sodoma e Gomorra. Ou o modo como os napolitanos chamam uma das máfias mais sangrentas e lucrativas do mundo, mais conhecida como Camorra para os não especialistas no assunto (como eu). São os intestinos desta organização criminosa que o filme do diretor Matteo Garrone revela de forma seca, mas precisa.

De acordo com a história e com a Bíblia judaico-cristã, Gomorra foi uma das cidades destruídas pela ira de Deus com fogo e enxofre descido do Céu. Ainda segundo o relato bíblico, a cidade e seus habitantes foram destruídos por Deus devido a prática de atos imorais.

O filme é inspirado no Best-seller do escritor e jornalista Roberto Saviano (o qual já se pode encontrar nas livrarias e supermercados), que vive sob escolta policial desde a publicação de seu livro sobre a máfia napolitana Gomorra.

Segundo consta num ensaio de Francis Vogner dos Reis, do site Cinética, Gomorra não é um filme de tese, porque em nenhum momento procura comprovar uma idéia sobre o seu tema. Se vemos a questão da truculência como cultura, instituição e política, por exemplo, é menos um estudo sobre isso e mais uma característica irrevogável daquela fauna social: idade média + modernidade = Nápoles de Gomorra. O filme deve ao livro sim, mas não é reverente ao ponto de abrir mão de características muito próprias, como fez o Blindness de Fernando Meirelles, de buscar e expor sua diferença com o livro. Se o texto do livro sugere imagens, Gomorra as tem como um princípio e como um meio. Então, assistir e ler Gomorra são duas coisas totalmente diferentes.

Em Gomorra, vemos os peixes pequenos em ação, aqueles que arriscam a vida nas ruas diariamente por alguns trocados enquanto seus Dons enriquecem em mansões ou – horror dos horrores - em residências oficiais do Estado, impedindo, assim, que romantizemos algum “chefão” como Tony Montana, Michael Corleone ou Al Capone.

A propaganda aqui no Brasil em torno do longa-metragem fez uma coisa que posso chamar de grande erro: taxar Gomorra como “o Cidade de Deus Italiano” nos cartazes e chamadas de trailers. Camaradas, assistam, mas sem esperar nada dessa suposta conexão direta. Atentem também para os personagens que são seguidos pela câmera. Eles podem deixar você confuso ao final do filme. Não há o esforço “americano” de juntar as várias histórias para surpresa do espectador. De fato, não interessa se as personagens se conhecem ou não, elas fazem parte de um mesmo mundo. Um mundo que preferíamos fingir que não existe. Nós e toda a Itália, mas quem sou eu, um brasileiro, para falar alguma coisa?

Para assistir ao trailer de Gomorra, clique aqui.
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Wenndell Amaral

Comentários

Walter Jr. disse…
estou esperando meu exemplar chegar.. tomara q nao assaltem o carro dos correios... kkkkkkk
Wenndell Amaral disse…
Ah. Vou pegar bigu.