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Do aquecimento global aos nossos rios

enviado por Nivaldo Marinho
[Professor de Química UFAL/UFRN e Ambientalista do Instituto Lagoa Viva]

O consumismo e o desperdício atribuídos ao capitalismo e ao desenvolvimento tecnológico vêm se multiplicando e a cada dia se produz mais lixos urbanos, industriais e químicos. Inevitavelmente, isso tem provocado o aquecimento global, que é o aumento sem precedentes da temperatura da terra, a qual é provocada pelo excesso de emissão de CO2 (dióxido de carbono) a atmosfera, provocando o “efeito estufa”.

Reduzir a emissão de dióxido de carbono tornou-se num grande desafio e uma preocupação em nível mundial. Como conseqüência de tudo isso, enfrentamos as variações climáticas como secas, enchentes ( São Paulo é um grande exemplo), o avanço do mar, furações, proliferação de doenças como a febre, dengue, malária, entre outras. Podemos constatar que o clima de nossa cidade, União dos Palmares e da região serrana nunca esteve tão quente, o calor tem nos preocupado, muitos questionam: “O que está acontecendo com o tempo”, outros profetizam: “É o fim dos tempos” E você o que acha? Tudo isso se origina em função do aumento da temperatura média da terra. Nesse aspecto, a população pode contribuir de maneira decisiva num percentual de 25% de ações preventivas tais como plantar árvores, acondicionar bem o lixo doméstico colocando na rua no horário correto, evitar o consumismo desnecessário, evitar o desperdício de água e energia, proteger nossas matas nativas, assim como as árvores de nossa cidade.

Em União dos Palmares nós temos um exemplo claro de nossa colaboração com o aumento da temperatura e o seu conseqüente efeito estufa. Trata-se do desmatamento a luz do dia de nossa APA ( Área de Proteção Ambiental) na Serra dos frios. Lá se derrubam árvores centenárias, ateiam-se fogo na vegetação, matam as nascentes dos riachos. De qualquer ponto de nosso município, é possível enxergar o tamanho do estrago e do crime ambiental. A população assiste a tudo sem imaginar as conseqüências dessas ações. A mata dos frios nos pede socorro e o povo e o governo a cada dia se distancia cada vez mais. Outro exemplo entristecedor vem de nossos mananciais. Falo do riacho Canabrava que agoniza em função dos inúmeros despejos e de águas servidas das residências que lhe cercam, numa extensão de 5,0Km até desemborcar no rio Mundaú. São também resíduos sólidos recebidos diariamente numa carga inimaginável. Saber que aquele riacho já serviu como fonte e abastecimento a inúmeras unidades residenciais de nossa cidade. Sem contar que as incontáveis estrebarias edificadas no seu leito, ajudam a pouco a pouco matar o histórico riacho Canabrava. Hoje assistimos a triste realidade desse riacho, amanhã pode ser o rio Mundaú, pense nisso!

E nosso lixão! Continua a céu aberto, contaminando sem piedade o lençol freático com seu churume. Há uma necessidade urgente de um aterro sanitário. A prefeitura de União já cegou a ser notificada, já temos até mestre formado no assunto, é o caso do nosso companheiro Claudionor, mas nada sai do papel! Enquanto isso o lixo toma as ruas de nossa cidade, deixando seu rastro poluição. E a temperatura? Continua aumentando. Outro agravante é que se aproxima o inverno, percebe-se que as galerias pluviais das principais ruas da cidade funcionam com capacidade de 50%, pois os outros 50% ou mais é composta de resíduos sólidos comprometendo assim o seu perfeito funcionamento e com as fortes chuvas de inverno a probabilidade das águas invadirem as ruas e casas são grandes, já vivenciamos fatos semelhantes nas trovoadas de dezembro/ janeiro. Fica aí o alerta.

Mas, nem tudo está perdido! Nós temos em nossa cidade um grupo de 30 professores formados pelo Programa de Educação Ambiental – Lagoa Viva, que em parceria com a Braskem e Secretaria Municipal de Educação, sala verde e Secretaria do Meio Ambiente vem atuando vem atuando a quatro anos com a capacitação de professores facilitadores, que agem como guerreiros defensores do meio ambiente de União dos Palmares. Eles têm desempenhado um papel muito importante nessa discussão.

A população quanto faz a sua parte atua com 25% das ações e os 75% restantes são atribuídos aos governantes que somente cabem a eles resolver questões tais como estruturação da Secretaria do Meio Ambiente, investir pesado no saneamento básico no município, financiar projetos educacionais e preventivos para o meio ambiente, além de incentivar e promover campanhas de educação ambiental nas escolas estaduais, municipais e privadas. E o mais importante de tudo é tomar consciência que somos parte da natureza e não o dono dela.

Um abraço a todos.

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