Filme: Solaris

Solaris (Solyaris)
União Soviética, Ficção científica, 1974
Direção de Andrei Tarkovski


Ficção científica é um gênero cinematográfico de rotulação poderosa, acarretando logo um pré julgamento do filme através do título, do trailer, da capa do Dvd ou qualquer outra informação concebida. Pode-se rejeitar ou, de pronto, recepcionar um filme desse segmento sem ao menos assistir para ter a noção do que se trata.

Em Solaris esse pré-julgamento é obsoleto. Baseado no livro lançado em 1961 de mesmo título e escrito por Stanisław Lem, o filme apresenta mais que uma ficção científica, ele dá a sensação estranha de uma suposição psicológica através dos diálogos e interações dos personagens.

Solaris é um planeta composto por um imenso oceano. Dai a humanidade densevolve um novo ramo científico, a solarística. Humanos são enviados para estudar aquele planeta e a possibilidade de existência de vida extraterrestre. Um psiquiatra é enviado a uma estação que está na órbita de Solaris para averiguar estranhos acontecimentos. Na estação espacial, o personagem psiquiatra se depara com a morte de um amigo antigo e com o comportamento suspeito e estranho dos demais astronautas que restaram. A partir desses fatos inesperados, acontecimentos aparentemente inexplicáveis também começam a envolver o psiquiatra, levando-o a uma introspecção reveladora.

Comparado a 2001: Uma Odisséia no Espaço, de Stanley Kubrick, como sendo uma resposta da União Soviética a produção americana, Solaris se apresenta mais humano, mais palpável que a obra Kubriquiana, esta sendo extremamente fria e estéril. Vejo os dois filmes com grande diferenças, mas também com grandes qualidades.

Em 2002 o diretor Steven Soderbergh ficou a frente de uma adaptação americana do livro de Stanisław Lem, mas claro que bebendo da fonte do Solaris de Tarkovski. O filme de Soderbergh foi produzido por James Cameron (Titanic, Avatar). Filmes como IA - Inteligência Artificial, de Steven Spielberg; Matrix, dos Irmãos Wachowski; Metropólis, de Fritz Lang; e Sunshine, de Danny Boyle marcam relação com Solaris.

Solaris trata da ciência, do homem, de seus medos e frustrações. Do que podemos entender ou não. A razão presta sentido a realidade? Ou nossos sentidos deturpam nossas reações? Diz Kelvin, o personagem psiquiátra: “O sentido da vida e outros temas eternos pouco preocupam um homem feliz. Estes problemas só o preocupam no fim da vida. Mas ninguém sabe quando chega o fim. Por isso, estamos sempre com pressa.”

Então, sem pré julgamentos, assistir ficção científica como Solaris é usar esse pano de fundo espacial e tecnológico, extremamente atual, para refletir sobre nós mesmos, pois estamos cercados mais do que nunca por um mundo interligado e veloz, cada vez menos humano. Sufocante.

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