LIVRO: A REPÚBLICA

- A República, século IV a. C.
- Platão
- Ed.: Escala

Em tempo politicamente tortuosos como os atuais, onde o Governo petista conseguiu destruir o pouco de consciência coletiva, deturpar o sentido das virtudes humanas além de enterrar o prematuro embrião do sentimento de Soberania que submergiu com a Constituição de 1988, buscar explicações nos antigos pensadores que viveram situações políticas e sociais muito piores é parte óbvia, porém árdua, da solução do problema.

Devido a grande erudição e cultura de  Platão, o processo de cognescimento no escaramuçado texto do aluno de Sócrates requer um esforço além da média, mas nada a que nossa mente humana não seja capaz de se adaptar. Diante da tríade filosófica Sócrates-Platão-Aristóteles, o do meio é disparado reconhecido pelos estudiosos como sendo um grande escritor; e é nesse diálogo protagonizado principalmente entre Sócrates e Glauco é  possível compreender dilemas universais que atravessam os milênios açoitando às nações dos 4 cantos do mundo.

O diálogo inicia-se entre o velho Céfalo e 
o sábio Sócrates, antigos amigos abordando a utilidade da riqueza, buscando a essência que defina a justiça para definir o homem justo como feliz e o injusto como infeliz. Menos gente do que deveria sabem que o Brasil é uma República, ou seja, um bem do povo, portanto diante dessa dádiva os cidadãos tem como dever salutar, em primeiro lugar, primar para a manutenção e evolução da ordem instaurada buscando sempre melhorias nos sistemas de governo e consequente modos de vivência que facilite a convivência entre os pares.

Platão levanta a questão do homem mal o contrapondo com o homem hipócrita, onde este ajuda a confundir a opinião do povo acerca do justo e do injusto igualando-se ao primeiro; a maior parte do povo, agindo sem refletir, acaba condenando o justo como sendo injusto pelo simples motivo do justo não compartilhar da rasa vazão de espírito que a maioria detêm em si e projetando os próprios defeitos nos outros, provocando já naqueles tempos uma drástica inversão de valores em escala exponencial, sob o qual a maioria dos Estados são formados. Platão projeta no mundo das idéias uma República imune desde as bases à qualquer agente nocivo, primando principalmente pela educação do corpo e da alma e levantando às primeiras bandeiras das torrentes metafísicas que se seguiriam tempo depois.

Antes de começar a articular suas principais idéias do Estado Perfeito em forma de diálogo socrático, Platão afirma ser necessário extirpar da cultura a poesia que utiliza-se da ficção e da mentira; exalta o ensino da música, estimula o amor não-carnal visando o florescimento dos bons juízes e de bons governantes enquanto subdivide as raças em ouro, prata, bronze e ferro. O primeiro faz alusão ao caráter nobre, sábio, guiado pela temperança e pela justiça sendo assim, apto a governar; o segundo grupo seriam aqueles guerreiros menos favorecidos de virtudes porém cheios de vontade de ajudar a Nação e por último os artesãos, comerciantes e agricultores. Segundo Platão em seu Estado, é obrigação dos pais observar desde tenra idade os filhos com o intuito de descobrir desde de já a quem tipo de metal foram misturados na criação, devendo guiá-los conforme sua natureza sempre tendo em vista o melhor para o Estado, evitando que seja governado por pessoas de bronze e ferro, ou seja, sem sabedoria, justiça e temperança.

Esses governantes e defensores do Estado deveriam não gozar de bens, a não ser daquilo que o Estado os dá, sendo restrito ao necessário para a sobrevivência sem luxos ou regalias. Assim, evitaria-se que de governantes e defensores, se transformassem em perpetradores, açoitando a soberania do povo. Alguns esquerdistas, altamente mais que desinformado, afirmam que Platão prega uma "ditadura" nesse clássico, exibindo a já tão conhecida preguiça de se instruir dos detratores do que é bom. Platão prega um Estado perfeito onde os governantes tem dentro de si a vontade de viver pelo bem do povo: 


"Que saibam que os deuses infundiram em suas almas ouro e prata divinos e, por isso, não necessitam daqueles terrestres e ainda que seriam iníquo profanar o ouro divino misturando-o com o ouro mortal, porquanto muitos crimes foram cometidos por causa da moeda vulgar, ao passo que pura é aquela que neles está. Portanto que sejam os únicos cidadãos que não possam tratar nem tocar ouro e prata, nem entrar numa casa em que haja, nem levar ao pescoço objetos preciosos, nem beber em taças de ouro e prata. Assim poderão defender a si próprios e ao Estado. Quando, porém, eles também possuírem, a título pessoal terras, casas, dinheiro, se tornarão administradores e camponeses, não defensores, tiranos e inimigos em vez de aliados dos demais cidadãos." Livro III. É incrível ou não é a capacidade retrograda da esquerda caviar de distorcer aquilo que simplesmente não conhecem com o intuito sórdido de fazer propaganda para angariar poder?

Para manter o Estado Perfeito, segundo Platão, é necessário estudar a riqueza e pobreza; suas causas e efeitos contribuem no limite do Estado. Deve haver liberdade de culto aos deuses que cada um acha que deve adorar. A educação das mulheres é abordada em conformidade com a lógica, sendo devido as mesmas o direito de trabalhar conforme seus talentos e capacidade, afirmando existir homens superiores a mulheres em dada área (a militar por exemplo) enquanto existe também mulheres superiores a homens em outra dada área (artesã por exemplo). 

Num explícito pendor a sua classe, Platão afirma que esse Estado ideal deverá ser governado por um filósofo caso queira sempre prosperar. Só o filósofo teria a capacidade de amar o conhecimento acima das coisas terrenas que deturpam as virtudes e consequentemente, deturpam os governantes e defensores do Estado. Sendo um verdadeiro sábio, o filósofo guiaria para a justiça e para o bem seu povo traduzindo em benesses os panoramas do mundo visível e do mundo ideal.

No livro VII Platão nos oferece seu surpreendente experimento mental da Alegoria da Caverna - onde o mundo pode ser comparado a uma caverna iluminada por sombras e nós somo acorrentados ao fundo desse habitat arcaico; quando alguém consegue se libertar e apreciar a verdadeira realidade fora da caverna, resolve voltar e tentar libertar seus companheiros sendo prontamente assassinado pelos próprios pares que temiam viver a verdade. Platão defende a importância da matemática e da astronomia. Lendo e relendo A República, não consigo entender o porque da maioria dos professores afirmarem se tratar de um texto em sua maior parte obsoleto. Ou eu estou perdido no tempo e louco achando-o atual ou a maioria caso tenha lido, não entendeu quase nada além de decorar título e autor...


A parte final do livro é de extrema importância para o momento pelo qual nos brasileiros passamos: a passagem da democracia para a tirania ou ditadura. Platão mostra como os sistemas de governos (aristocracia, timocracia, oligarquia, democracia e tirania/ditadura) se sobrepõem sem que o povo se deem conta, uma vez que todos os sistemas de governos estão antes impregnados nas almas e espíritos do povo que governa, passando do mundo ideal para o visível através de simples atos e fatos do cotidiano que, apesar de ordinários seu  conjunto constroem um mundo decrépito, onde o povo é explorado em favor de uma minoria egoísta, ignorante, desregrada e má. Leia-se, no nosso caso, ser governado pelos petistas e congêneres. 

É certo que existem temas abordados no diálogo socrático em questão que são absurdos lidas nos dias de hoje, como a defesa da escravidão e o uso das crianças nas guerras. Porém são temas que, apesar de serem chocantes de se lerem nos dias que se seguem, não deixaram de existir só porque você ou eu acha repugnante: existem milhões de escravos do sistema no mundo, inclusive aqui no Brasil vivendo miseramente sem dignidade e ainda existem exércitos regulares de crianças em alguns países da África. Alguns serviços secretos de potências mundial como a CIA (EUA), MOSSAD (Israel) e a nova KBG russa também se comprazem com crianças em seus quadros de agentes. Em sua totalidade o petardo literário de Platão é mais que atual é essencial para a humanidade. 


Walter A.
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