FILME: A Caça


[Jagten], 2012.
Dir.: Thomas Vinterberg
Elenco: Mads Mikkelsen, Thomas  Bo Larsen
Annika Wedderkopp...

Dur.: 105min


Em tempos onde o "politicamente correto" extrapolou a muito o senso do ridículo, inclusive a título de exemplo, com alguns deputados ao redor do mundo recomendando que a pedofilia deixe de ser crime e passe a ser tratada como doença - aqui no Brasil dep. Jean Willys PSOL-RJ é um desses filhas da puta - filmes como esse do diretor Thomas Vinterberg são verdadeiros estandartes do pensar. O erotismo/sexismo permeia toda a cultura atual popular nacional [livros, musicas, novelas, etc.] onde qualquer criança tem acesso, infelizmente: basta ligar na Malhação no fim de tarde. Óbvio que não será visto sexo explícito, mas às alusões e conversas sobre a importância exacerbada da necessidade de perder a virgindade, por exemplo, em contraponto com tantos outros assuntos urgentes para uma juventude saudável discutir, debater, abordar serão notórias... Os outros canais não são diferentes. O ápice é o programa Amor e Sexo... O tema não é esse, porém, faz necessário essas citações pois é através do sexo na tv e na música - funk é o maior expoente atual - que as crianças perdem cada vez mais cedo sua sagrada inocência.

É sobre isso que A Caça trata. Uma menina de nome Klara interpretada excelentemente pela jovem Annika Wedderkopp, por já se encontrar num meio onde o sexo é "normal" (inclusive vendo seu irmão mais velho com suas revistas masculinas) inventa que seu professor - o qual todos gostam - vivido pelo talentoso Mads Mikkelsen [Dr. Estranho], tentou molesta-la. Nos tempos atuais, onde a hipocrisia reina na contramão de duras leis, a maioria das pessoas dissocia a realidade do politicamente correto e seguem esse último como uma religião, no caso, punindo socialmente e de maneira dura, sem antes analisar ambos lados da contenda. No caso da película, um homem até então honrado em seu meio e uma garota que todos julgavam 100% inocente para questões sexuais. Surge aí a premissa nuclear do filme. 

Todos começam a julgar, condenar Lucas (Mikkelsen) e ele acaba perdendo o emprego, sendo perseguido na comunidade, perdendo a confiança da família, enfim, vivendo um inferno na terra. Logicamente que uma criança deve ser 100% protegida de toda e qualquer referência a sexo e, quando uma denuncia grave como essa vir à tona, deve-se analisar a vida pregressa de cada envolvido e de seus familiares. Creio que um ponto relevante que o cineasta quis registrar foi o julgamento de seus próprios pares. Sem duvida existem muitos mais casos de abusos que casos de "mal entendidos" que trata o filme. No momento histórico ocidental em que estamos, onde a cultura imerge a mulher num mundo altamente pornográfico enquanto pune severamente os abusadores, essa dicotomia - influência do sexo contrapondo a repressão legislativa - gera limbos onde inocentes pagam muito mais caro que criminosos contumazes.

Não foi em vão que o prêmio de melhor ator do festival de Cannes de 2012 foi dado a Mads Mikkelsen: ele consegue passar para os espectadores muito da angústia e da fé de um inocente condenado socialmente. A família de Lucas surge como uma rocha firme durante um terremoto, que mesmo tendo a confiança abalada, o conhece por demais para acreditar em tamanho ato horrendo. No núcleo familiar a figura mais marcante é seu filho, Marcus, que tem o pai como um bastião de heroísmo. O filme foi multipremiado em grandes festivais de cinema em toda Europa. Imperdível película para aguçar a mente em tempos de politicamente correto x libertinagem.
Walter A.

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